As perspectivas para o mercado hoteleiro nos
próximos dois anos não são animadoras. A ocupação dos hotéis, que atingiu o
pico de quase 70% em 2011, está em queda desde o ano passado e já beira os 64%
- mesmo nível de 2008.
O otimismo de quatro anos atrás somado às
expectativas com a Copa do Mundo no Brasil motivaram os investidores a
desenvolver novos projetos na hotelaria, que estão sendo entregues justamente
neste momento de desaceleração econômica.
Segundo estimativas da consultoria Jones Lang
Lasalle, existem 605 projetos em andamento que devem adicionar mais 115 mil
apartamentos no mercado nos próximos anos. "Mais hotéis e menos hóspedes
significa queda no preço das diárias e uma rentabilidade menor", diz
Ricardo Mader Rodrigues, vice-presidente da consultoria. "É um raciocínio
complexo, que deve ser visto sob dois pontos de vista diferentes: o da oferta e
o da demanda”.
O resultado dessa equação está aparecendo aos
poucos, com o adiamento ou até o cancelamento de alguns projetos. Embora não
haja levantamentos que confirmem essa tendência, o consultor Diogo Canteras, da
Hotel Invest, diz que é possível identificar a retração dos investidores ao
analisar o número de empreendimentos que estão sob análise da Comissão de
Valores Mobiliários.
Desde o ano passado, a autarquia passou a
acompanhar com lupa os chamados condo-hotéis, construídos com dinheiro de
investidores pulverizados, que passam a ser remunerados periodicamente com o
resultado da exploração do hotel. No início de 2014, a CVM passou a considerar
esse produto um investimento coletivo e exigir que o estudo de viabilidade do
empreendimento seja divulgado para o investidor. "Dos cerca de 260
condo-hotéis que estão em desenvolvimento no País, só 15 deram entrada na CVM
até agora", diz Canteras. "Isso dá uma ideia da intensidade da freada
que houve no setor”.
Alguns mercados estão sofrendo mais do que
outros, como o de Belo Horizonte, que já está saturado e deve apresentar neste
ano uma taxa de ocupação próxima de 40%, segundo o estudo Placar da Hotelaria,
elaborado pela Hotel Invest. Outros podem entrar em colapso nos próximos anos,
como a região da Barra da Tijuca, no Rio. "Essa área, que há dois anos
tinha 2,5 mil quartos, terá 7,5 mil depois da Olimpíada", diz Canteras.
O novo presidente da Accor, Patrick Mendes,
admite que este será um ano mais difícil para o setor. Ainda assim, diz que vai
manter os planos de investimento. "A crise é passageira. Estamos olhando
para o futuro”.
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